Tirando uma pergunta genérica, já no fim da entrevista, sobre a articulação com a ministra do trabalho, a merecer uma resposta igualmente genérica [que pouco ou nada acrescentou ao que já se sabe], todas as perguntas ficaram sem resposta. Fiquei perplexo - se um ministro tem dificuldade em apresentar e discutir este tipo de cenários, como será se a situação se complicar! E daqui a minha irritação, e a irritação dos que comigo ouviram a entrevista, que manifestámos com uma montagem-vídeo, uma caricatura do que nos foi dado ouvir:
Precisamos de responsáveis políticos capazes de transmitir uma imagem de segurança, e de uma comunicação social capaz de ajudar aqueles que não sabem como transmiti-la. Porque não confundir competência com capacidade de comunicação, nunca foi tão necessário! Não quero, portanto, pôr em causa a competência do ministro da educação. Mas a verdade é que, nos tempos excepcionais de hoje, quando a comunicação não é assertiva, a degradação da confiança é inevitável. E aqui o papel da comunicação social!
Façam chegar, aos entrevistados, antecipadamente, as perguntas que querem ver respondidas. Eu sei que não está no vosso ADN este tipo de práticas, que muitos de vós preferem a pergunta numa espécie de emboscada [não é este o caso, devo elogiar]. Mas sabem, aqui não se trata de tentar apanhar, em falso, um ministro. É que, em tempos excepcionalmente difíceis, nunca vividos, não há lugar ao improviso, nem mesmo na resposta a uma pergunta. E as entrevistas em directo, sem guião, trazem o risco do improviso de quem, sem resposta a dar, quer evitá-la a todo o custo.
Perante perguntas bem simples, quase de sim ou não, o Sr. Ministro preferiu fugir da resposta. Improvisou. Mal. Quis, talvez, dar a imagem de quem controla a situação. Não deu! Até porque, como ele próprio referiu na entrevista, as escolas têm ido à frente do ministro, desenham já os seus cenários. Atrevo-me mesmo a dizer que, alguns dos cenários projectados pelas escolas, fazem parte dos cenários que circulam pelas mesas do ministério. Podemos até equacioná-los, numa brincadeira de crianças:
- Temos exames ou não?
- Se não, o caso está arrumado.
- Se sim há dois casos a considerar: ou realizam-se na data prevista [coisa em que ninguém acredita], ou são adiados.
Nesta matéria, um ministro, ou qualquer outro decisor político, não tem que se apresentar, sempre, com certezas. Pode ter dúvidas, como qualquer mortal, sobre as decisões a tomar, desde que seja claro sobre as dúvidas que o impedem de tomar decisões. Teria passado outra imagem [mais lúcida] se tivesse garantido, já, que, no mínimo, os exames seriam adiados, ficando por discutir o seu agendamento futuro.