quarta-feira, 16 de abril de 2025
Manifesto para uma Educação Informada por Evidências
A EIE não procura orientar, delimitar ou mesmo predeterminar as decisões tomadas pelos intervenientes educativos, mas sim fornecer-lhes informação científica, que normalmente não lhes é disponibilizada, para que possam tomar as suas próprias decisões de uma forma mais informada. Neste sentido, a EIE não trata os agentes educativos como meros aplicadores ou executores de medidas pré-estabelecidas, mas propõe-se dotá-los de um conhecimento profissionalizante que lhes dê uma visão mais ampla e profunda das questões em que intervêm, de modo a conferir-lhes uma maior capacidade de acção. Em suma, o objectivo é fornecer aos profissionais da educação um quadro teórico específico da sua profissão, a partir do qual possam reflectir e tomar decisões com maior autonomia e autoridade. LER MAIS >>>
domingo, 5 de maio de 2024
Falemos de educação e bem comum, de avaliação, exigência e excelência.
Na educação, talvez mais do que em qualquer outro lugar, a soma dos interesses individuais não produz o bem comum.
O modelo de competição (assente na conquista de interesses individuais, a qualquer preço) está de tal forma difundido entre nós, que é difícil imaginar que a excelência e a perfeição possam estar ao alcance de todos.
Reservamos o acesso à excelência àqueles e àquelas que foram sujeitos a uma selecção draconiana e se impuseram acima dos outros, ou até mesmo contra os outros.
Receio que pensemos ser exigentes porque somos selectivos. Abandonamos a exigência para que o processo de selecção funcione.
Temos de ajudar as crianças a competir consigo mesmas para se ultrapassarem, e não com os outros para esmagá-los.
Falta à escola uma visão educativa alargada. A escola é a única instituição por onde passam todas as crianças. Como tal, não creio que seja possível isentá-la da sua função educativa. Porque a própria instrução, por mais pura que seja, é sempre realizada num quadro que transmite valores. Os exercícios escolares não são neutros.
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sábado, 9 de dezembro de 2023
Sobre os resultados dos alunos portugueses no Programa PISA 2022
É caso para dizer que o sr. José Carlos Santos acredita, tal como eu quando era muito miúdo, que o termómetro faz baixar mesmo a temperatura - "Vamos lá tirar a febre", diziam-me quando me colocavam o termómetro debaixo do braço.
Acreditar que os exames no final de cada ciclo, ou quaisquer outros, têm "poder curativo", é o mesmo que dizer que, perante uma doença, basta fazer os exames que o médico prescreve, para ficarmos curados. Mas como não acredito que o presidente da SPM acredite no valor curativo dos exames, atrevo-me a imaginar que ele acredita no seu valor preventivo mas que, por razões que desconheço, não o queira admitir: sem exames que os policiem, os professores, desleixados que são, desleixam-se no seu trabalho! Será esta a conclusão a que chegou?
E já agora: Se, como dizem algumas "mentes peregrinas", as provas de aferição não motivam o esforço dos alunos, porque os resultados destas provas não se reflectem nas suas notas de avaliação, porque não dizer então que os resultados do Programa PISA estão contaminados da mesma falta de empenho? Afinal, o resultado dos testes deste programa também não se reflecte na nota dos alunos! Mais, tal como nas provas de aferição, quando foram criadas, os alunos que participam no programa PISA, são selecionados por amostragem. Isto porque o seu objectivo não é avaliar os alunos mas os sistemas educativos.
domingo, 29 de agosto de 2021
Reprovar ou reter, uma questão de semântica?
Os alunos não reprovam, ficam retidos, ouço dizer, ironicamente, desde que, nos inícios dos anos noventa, a palavra reprovação deu lugar a retenção em decretos e despachos, sem que, daqui, resultassem outros efeitos na progressão dos alunos, que passaram a ser retidos em vez de reprovados, no que foi entendido, por muitos, como apenas uma questão de semântica. E, no entanto, entre reprovação e retenção há uma distância enorme. A reprovação tem subjacente um juízo de valor que a retenção não tem. Quando reprovo alguém estou a dizer: O que fizeste é reprovável, isso não se faz; isto está errado, vai para o teu lugar e volta ao princípio.
domingo, 18 de julho de 2021
Sobre a utilidade das reprovações, em dois pontos de vista.
Daniel Lousada
Ponto de vista do aluno que fui.
Como qualquer aluno que se preze, não fui imune a reprovações. Reprovei portanto. Reprovei no 4º ano do liceu, ao tempo considerado um ano de escolaridade muito propenso a este tipo de eventos.
Do que senti, quando me vi reprovado, recordo ter dito «Lá vou ter que empinar, outra vez, a “me§da” da botânica» [um dos conteúdos da disciplina de ciências naturais à qual, muito a custo, consegui positiva]. Reprovar significava [julgo que significa ainda] repetir todas as disciplinas, a partir do início, tenha ou não negativa a todas, saiba muito ou pouco ou coisa nenhuma de todas elas.
Não foi por culpa da botânica que reprovei. Mas isso não me dispensou de ter que voltar ao sistema reprodutor das plantas, de decorar novamente os nomes dos órgãos que compõem uma flor, de voltar a empinar os nomes das ordens e classes de plantas e plantinhas. E não pensem que à segunda o empinanço foi mais fácil!
Agora perguntem-me o que sei do que “aprendi” de botânica!
Não quero com isto dizer que o trabalho que a botânica me deu tenha sido inútil; que só o que recordamos vida fora é útil. Bem pelo contrário. O que aprendi de botânica não fez de mim um botânico. Mas deu-me a consciência de que um dia soube botânica, da mesma forma que em tempos soube resolver uma raiz quadrada, um saber que em qualquer altura posso recuperar, haja necessidade ou interesse em fazê-lo.
Poderia ser diferente?
Ponto de vista do professor que fui
Uma escola de lugar único [1 professor – 4 classes], final de um ano escolar, nos inícios dos anos 70. Aquela criança do 1º ano junta letras, soletra palavras em carreirinha e chega ao fim da frase sem memória do que leu no início. Ao ensaiar a conversa a ter com ela, dou- me conta que iríamos viver juntos outra vez, quer ela reprovasse quer não! Então, vou reprová-la para quê? – interroguei-me. Não fosse professor de uma turma que juntava as 4 classes e, talvez, não tivesse chegado à pergunta, confesso: haveria, certamente, outra turma, outro professor, em “melhores condições”, com quem repetir o percurso que não concluiu comigo. Olho-a então uma vez mais. Faltam-lhe automatismos na leitura, é certo, mas, surpreendentemente [mais atenta, talvez, ao que me ouvia dizer aos “grandes” do que à tarefa que tinha em mãos], sabia o que alguns da 4ª classe não sabiam sobre Viriato e as lutas que este travou com os romanos, que D. Afonso Henriques, foi o 1º rei de Portugal, que o rio que passa em Chaves é o Tâmega, que o comboio passava por Vidago, Vila Pouca de Aguiar e terminava na Régua, … E dei por mim a pensar na minha dificuldade em me organizar no meio de todos aqueles programas, que naquelas condições a divisão do programa por anos de escolaridade, por vezes, era mais empecilho do que ajuda. Então, procurei olhar os quatro programas como se fossem um só, na procura da ideia de um programa para cumprir em quatro anos.
Pensar a aprendizagem por ciclos de aprendizagem, para além do 1º ciclo não é tarefa fácil. E, pela manifestação de vontades a que assisto, não vislumbro a possibilidade de procurar alternativas nos sistemas educativos que, parece, resolveram ou estão em vias de resolver o problema. Continuo a ouvir dizer que Portugal não é a Finlândia ou um qualquer outro país mais bem posicionado nestes campeonatos. E não é de facto: nesses países vivem os que lá vivem; não são portugueses os que por lá moram; como não são portugueses os seus políticos e, já agora, os seus professores.
domingo, 27 de setembro de 2020
Mil e uma maneiras de ser exigente
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Este é o titulo do capitulo 8 do livro “Ce que l’école peut encore pour la démocratie”, onde Meirieu nos relata um tempo de vida na sua escola e que, pese embora o tempo que se passou entretanto, não se distingue grandemente da escola de hoje.
Quando evocamos as “novas pedagogias” ou os “métodos activos” é preciso não esquecer que estes apenas têm valor pela exigência que nos impõem. “Partir do interesse e da expressão a criança”, não é tudo. Sobretudo, não podemos ficar só por aqui. Não nos devemos deixar seduzir pelas suas "ideias fantásticas", e deixá-los encerrar-se nas suas obsessões, fechando os olhos aos erros que cometem, para não os contrariar. Isto não é ajudar e pode mesmo tornar-se numa falta de respeito. É preciso que ela progrida e consiga atingir formas cada vez mais elaboradas de pensamento.
(...)
Alguns professores podem deixar-se seduzir por modelos em que tudo corre bem, porque tudo está bem, mas a norma não é essa. Não se pode esquecer a dialéctica do acompanhamento específico de cada um tal como é, para que ele possa, por si, aceder aos conhecimentos que lhe são propostos. Ignorar esta dialéctica é ignorar o percurso individual de cada um e cortar a possibilidade de democratizar o acesso aos conhecimentos. LER MAIS >>>
quinta-feira, 27 de fevereiro de 2020
Sanções e Castigos

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terça-feira, 26 de novembro de 2019
Reprovação e jogo da glória - Cair na casa do inferno e voltar ao ponto de partida
* Ana Benavente, usa esta expressão, referindo-se aos exames nacionais.
***A monodocência é de grande ajuda neste caso. Daqui a minha estranheza perante tanta hesitação na criação de um 1º Ciclo de seis anos.
**** Acho que a questão não passa por olhar unicamente quem está mais bem posicionado neste ou naquele ranking, mas por olhar as respostas que os diferentes sistemas propõem para responder aos problemas com que se vão confrontando. Até porque, nestas coisas dos campeonatos, a história tem-nos ensinado que ninguém é campeão eternamente. As circunstâncias mudam e ou as instituições respondem à mudança ou ... ...