quinta-feira, 27 de fevereiro de 2020

Sanções e Castigos

Philippe Meirieu
Capítulo 12 de Le choix d'éduquer - pp. 65-68
Versão em português de Daniel Lousada

Bem no centro do trabalho educativo, reflectindo, por vezes dramaticamente, as suas tensões, a sanção disciplinar reveste-se de um carácter particular, em razão do silêncio que, habitualmente, se mantém à volta dela. Todos se servem dela, mas quase nunca a referem, como se tratasse de uma espécie de mal necessário, contra o qual nada podemos e a que convém recorrer, com mais ou menos frequência, mas sempre na clandestinidade… Na realidade, o “secretismo” que a rodeia bem pode ser, precisamente, a expressão “mal amanhada” do que constitui o seu estatuto paradoxal: a sanção é, sem dúvida, inevitável em educação, mas só é tolerável na medida em que nos resignamos a ela, com má consciência.

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domingo, 9 de fevereiro de 2020

Neurociências e trabalho Pedagógico


Versão portuguesa do capítulo 5 de "La Riposta" de Philippe Meirieu
«(...) uma predisposição nunca é – mesmo em medicina – uma predestinação, os neuroci­entistas devem, como os pedagogos, ter a preocupação de diferenciar sem catalogar, de se adaptar a cada um e a cada uma, mas sem desistir de descobrir as perspectivas e caminhos por conhecer. 
Atenção! Não usar a explicação ce­rebral como desculpa, aconselha Emmanuel Fournier: "os problemas parecem sempre mais suportáveis se eles se devem a causas que não são da nossa responsabilidade. É o cérebro que carrega o fardo(...)". E a desculpa cerebral pode pode ocupar, com eficácia, o lugar da “desculpa sociológica”, tantas vezes utilizada a partir de uma leitura simplista de Bourdieu: nada mais tentador, com efeito, que transformar uma dificuldade da criança [de que nós po­deremos, pelo menos em parte, ser responsáveis] num problema neuronal… (...)»