Encontro-me hoje com “Natal de 1971” de Jorge de Sena. Cinquenta e quatro Natais passados, e tanta coisa passada entretanto! E interrogo-me: que distingue o Natal de 1971 do Natal que agora bate à porta? Não sei!
Fosse Jorge de Sena ainda vivo, como seria o seu “Natal de 2025”, se estivesse na disposição de escrevê-lo? Seria outro o seu poema? Ou limitar-se-ia a trocar 1971 por 2025, mantendo o poema em tudo igual?
Vou ao Sr. Google perguntar pelo estado do mundo em 1971. O seu assistente IA atira-me com a guerra Indo-Paquistanesa, a Guerra do Vietname, os conflitos na Irlanda do Norte, a que se juntam outros conflitos menores.
Entre nós, as Guerras Coloniais (ou ultramarinas, como se dizia por cá) estavam no seu ponto crítico. E um povo, entre a mordaça e a anestesia, (sobre)vivia num país orgulhosamente só.
Será de mim, ou estamos a entrar numa anestesia idêntica?
Daniel Lousada

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