domingo, 10 de maio de 2020

Um abecedário resumido para questionar a "escola em casa"

Cécile Morzadec e Laurent Reynaud 
Versão em português de Luís Goucha [LER EM PDF >>>]

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IMAGINAÇÃO
Porque nada nem ninguém nos preparou para o ensino à distância, precisamos ima­ginar outras formas de envolver os alunos nas suas aprendizagens, através de jogos e desafios à imaginação. Em vez de reduzir a continuidade pedagógica a uma acumulação de actividades, que mais se assemelham trabalhos de casa, não seria este o momento de estimular a inventividade dos alunos e ajudar desenvolver a sua imagi­nação? 

segunda-feira, 4 de maio de 2020

Todas as cartas de amor são ridículas

Um poema de Fernando pessoa. Uma Actriz para interpretá-lo - Maria de Medeiros - A poesia, o texto literário, num cruzamento de línguas.

Num tempo em que se fala tanto de "flexibilização curricular" [falava-se até há bem pouco] e da importância dos projectos interdisciplinares, talvez esteja aqui uma inspiração que possa juntar professores das diferentes línguas, com os seus alunos, num projecto comum: A poesia, o texto literário, num cruzamento de línguas.

«Há alguns meses propus a Maria de Medeiros, pela ARTE, uma experiência poética e uma interpretação um pouco especial: dizer um poema de Fernando pessoa nas três línguas que a actriz controla perfeitamente: o português (a Língua original do poema), o francês e o alemão. Escolhemos "todas as cartas de amor são ridículas", um belo poema de Fernando pessoa.
Não se trata aqui de uma simples tradução, onde se sucederiam passivamente as três línguas, mas de algo mais complicado e mais misterioso.
O poema é dito em português e traduzido simultaneamente em francês e em alemão por Maria de Medeiros.
Três línguas cruzam-se, continuamente. Uma trança linguística poética maravilhosamente interpretada pela Maria de Medeiros.
É um momento raro».

Tradução francesa: Pedro Igreja-Costa. Tradução Alemã: Inês koebel

quinta-feira, 30 de abril de 2020

Depois do vírus, voltará a escola ao que era?

François Dubet
Versão em português de Luís Goucha [LER EM FORMATO PDF]

Imaginemos que muitos alunos pensam que as relações pedagógicas virtuais, com os seus professores, foram mais cordatas e mais singulares... Imaginemos que é possível dar aulas de outra maneira. A acontecer, isto não conduziria ao encerramento das escolas, bem pelo contrário: poderia abri-las, ainda mais, para formas de trabalho inovadoras, capazes de lhes outorgar uma maior vocação educativa.
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Imaginar no que se poderia transformar o formato escolar, depois deste confinamento, é, decididamente, trazer um certo optimismo para o debate, sem que este se transforme, no entanto, num utopismo.

domingo, 19 de abril de 2020

A "Escola do Depois"... Com a "Pedagogia do Antes"?

Philippe Meirieu
Versão em português de Luís Goucha [PASSAR PARA FORMATO PDF]

Se ainda houvesse dúvidas, relativamente ao carácter ridículo das profecias moralizadoras sobre o nosso futuro, a crise que atravessamos tê-las-á dissipado. É claro que toda a gente concorda que “haverá sempre um antes e um depois”, mas ninguém sabe como será esse “depois”. As análises multiplicam-se para realçar o carácter sem precedentes do momento que atravessamos, para mostrar que isso põe em causa todos os nossos hábitos e exige uma verdadeira revisão dos nossos sistemas de pensamento e de decisão. Dizem-nos que a escolha foi feita pela protecção da saúde de todos, em vez do crescimento económico para beneficio de apenas alguns. Dizem-nos que, amanhã, iremos revalorizar as profissões ligadas às humanidades, necessárias à nossa sobrevivência colectiva, em vez de continuar a exaltar o “primeiro a cortar a meta” e a promover os “vencedores”. Explicam-nos que chegou o tempo da partilha dos bens comuns, o que nos permitiria, finalmente, não “morrer arrastado pelas águas geladas do cálculo egoísta” de que falava Marx… Gostava de acreditar nisso. Queria ter a certeza que nos dirigimos, à escala planetária, para uma maior solidariedade entre pessoas e nações, por mais justiça social, por uma maior valorização das grandes questões ecológicas. Mas, na verdade, acredito que nada está decidido. ...