quinta-feira, 23 de novembro de 2023

ChatGPT, uma aplicação de inteligência artificial, que não é possível ignorar, nem é sensato descartar


O maior perigo do ChatGPT não está na fraude que ele pode permitir, mas na sensação que dá de estarmos a falar com um humano e que inverte completamente o sentido da relação educacional - diz Philippe Meirieu -. Ele fornece respostas objectivas imediatas, dispensando, assim, a dinâmica do questionamento. Promove certezas que aprisionam o pensamento... Vai totalmente contra o que se espera de um professor: suscitar interrogações que libertam de preconceitos.

Philippe Meirieu, ao reconhecer a legitimidade das preocupações dos professores que temem que esta aplicação isente os seus alunos dos trabalhos de investigação e de escrita, defende (até por isso) que se traga o ChatGPT para a sala de aula, incentivando o estudante a formular perguntas de diferentes formas, para comparar respostas, confrontando-as com as respostas dos manuais e enciclopédias. De certa forma, promove-se a utilização das sugestões destes dispositivos como rascunhos, sobre os quais há que fazer todo um trabalho de identificação das proposições menos claras, deslizes semânticos, erros grosseiros até, que levam a mal entendidos que é necessário corrigir. Algo semelhante à tradução para português, realizada pelo ChatGPT, que acompanha a versão original de Philippe Meirieu, publicada pelo “Le Monde”, e que CONVIDAMOS AGORA A LER>>> 

domingo, 12 de novembro de 2023

Poesia, o elemento principal de todas as artes

A propósito da leitura de dois poemas de Nuno Júdice

Daniel Lousada

A leitura que o poema pede ao leitor que faça, é a leitura que qualquer texto, de vocação literária, gostaria que fizessem dele. Nem todos o conseguem, e muito menos conseguem todos alcançar esta ambição. 

A poesia é o elemento, o denominador comum de todas as artes. Mas para que possa ser identificado, ou melhor, sentido ou, no mínimo, pressentido, precisa de estar presente no olhar de quem dá de caras com ela.

Poemas extraídos do livro "Uma Colheita de Silêncios", Lisboa, D.Quixote, 2023: pp. 48 e 101


Nem tudo que se escreve é fruto de um trabalho de escrita!

Daniel Lousada
Da não escrita na rede

A escrita que se produz nas redes sociais, em comentários de todo o tipo, será escrita na forma, mas não é escrita de facto. Assemelha-se à fala que se produz por impulso, mas com a desvantagem de não permitir ler a reacção do interlocutor, impressa no seu rosto, que permite, se for o caso, reformular o que foi dito.

«A escrita possibilita adiar o impulso imediato e permite-nos passar pelo desvio da reflexão e da correcção. A ausência do outro, olhos nos olhos, ao dar-me tempo, não me obriga a ser perfeito à primeira: é por isso que a escrita é inseparável do trabalho sobre a língua»*. E é isto que, por regra, não acontece na “rede”.

domingo, 5 de novembro de 2023

Escola Inclusiva - Um problema com futuro

Jorge Barbosa
O congresso de Salamanca, em 1994, reforçou as linhas tendenciais mais inovadoras que, desde os anos oitenta, se vinham desenhando no horizonte da Educação especial e nos movimentos genericamente designados de "Escola para Todos". As conclusões do Congresso, de cariz essencialmente político, como era conveniente que fossem, não cortam as raízes do passado que as justificam e legitimam. Pelo contrário, enxertam nelas princípios e ideias revigorantes que visam promover mudanças nos sistemas educativos e inovações nas escolas, como se faz a árvores de frutos amargos para que, com o mesmo ou maior vigor, nos proporcionem frutos que não agridam quem os coma.