domingo, 12 de abril de 2020

Desfiando a leitura e a escrita com jovens, em tempo de confinamento

Maria dos Reis
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O título deste apontamento prende-se com a forma de sa­bo­rear este meu estado de “avosice” e a interação com o meu neto, em tempo de confinamento, com os vídeo jogos bem à mão e os amigos a solicitar a sua presença nos desafios. Nesta conjuntura, os momentos on-line adquiriram outra importância no que diz respeito ao convívio entre pares; é preciso, no entanto, reinventar rotinas, criar momentos de pesquisa e conhecimento. E aqui, o encontro com o prazer na leitura, na organização e partilha da informação, é fundamental.

Não basta que a TV passe vídeos motivacionais, sugerindo tirar a poeira aos livros que exis­tem [ou não] em casa. Os hábitos de leitura não são, em geral, práticas que grassem, faltam livros em grande parte das casas, e o modo escolar de abordá-los, em leituras obrigatórias, é, no mínimo, questionável. Em tempo de pandemia, podemos ter mais dificuldade em aproximarmos os livros de cada um de nós.

Com tantas incertezas e opiniões, o melhor é jogar em dois tabuleiros. Sem abandonar as questões do currículo obrigatório, mas relativizando-as. É importante ir mais além, ao que realmente nos interessa, procurando matérias que nos emocionem, nos comovam, nos transportem para outras realidades. Pode ser sobre temas “mais formais”, como Literatura ou História, ou mais “descontraídos” [desporto, culinária, música, curiosidades…], sem esquecer nunca os afectos. Impõe-se uma intervenção que mobilize, que evite deixar os nossos alunos dependentes dos manuais obrigatórios e “caderni­nhos de exercícios”.

É sobre estas premissas que estabeleci acordo com o meu neto. Para responder à ingenuidade própria da idade dele, e ao nosso impulso irresistível para opinar sobre tudo, propusemo-nos conversar sobre assuntos que nos interessam.

Assim, à noite pelo telefone, partilhamos entre outras coisas, os livros que estamos a ler, as pesquisas que fizemos.

Como tópicos de abertura deste ciclo [chamemos-lhe assim], ele optou por figuras ligadas à política actual – eu escolhi artistas ou pensadores modernos.O próximo passo será escrevermos em conjunto e via videoconferência sobre o que aprendemos um com o outro nesta nova experiência.

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