quarta-feira, 12 de fevereiro de 2025

Ainda os manuais escolares reutilizáveis

Daniel Lousada

O manual escolar não é «um historial de apontamentos» como sugere um leitor do Público, em «carta ao director» deste jornal, em defesa dos argumentos de Vasco Teixeira, um dos donos da Porto Editora, contra os manuais escolares reutilizáveis.

«O manual escolar não pode ser um manual de cristal», é certo. Mas isto não significa (não pode significar) que deva ser transformado em sebenta.

Se quisermos que as crianças do 1º ciclo tenham o seu «historial de apontamentos» (e é importantíssimo que o tenham) ensinem-las a construí-lo: em diários de actividades; em registos de realizações bem conseguidas; em registos de perguntas que a leitura dos textos lhes suscitam; na organização de portefólios...

O manual escolar é um instrumento de trabalho que, como qualquer outro instrumento, quando é adoptado (e há professores do 1º ciclo que não adoptam manuais escolares) também é para ser partilhado.

LER TAMBÉM: Não deveria produzir-se manuais escolares que pudessem ser reutilizáveis?

terça-feira, 11 de fevereiro de 2025

Deve-se ou não se deve ensinar a ler e escrever na pré-escola?[*]


A polémica sobre a idade óptima para o acesso à língua escrita já ocupou milhares de páginas. O que se segue é uma contribuição — necessariamente fragmentária e apenas esboçada — para ajudar a responder à indagação que serve de título, já que hoje estamos em condições de afirmar que essa polémica foi mal colocada, por ser falso o pressuposto no qual se baseiam as posições antagónicas. CONTINUAR A LER>>>

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[*] in Reflexões sobre alfabetização, Cortez Editora, pp. 96-103

segunda-feira, 10 de fevereiro de 2025

Escola para amanhã [*]

Uma conversa com Sérgio Niza que, passados 50 anos, mantém ainda a sua actualidade [Disponível em PDF>>>]

O autêntico saber, ou o verdadeiro conhecimento, se quisermos, adquire-se na resolução das contradições da vida prática, e o mais é discurso. Assim, e inevitavelmente, as pessoas sempre terão sido obrigadas a construir, ou reconstruir, a sua permanente educação. A escola tendo entendido, por pressão histórica, essa antiquíssima realidade, verificou que a perspectiva de planeamento a estabelecer deveria apontar para uma educação permanente adentro das várias instituições escolares.
(...)
Perante a inoperância das instituições de ensino, só restava à escola ocupar a infância como momento mais maleável de desenvolvimento como essência: técnicas de leitura dos objectos culturais, construindo uma didáctica que forneça aos educandos as estruturas matrizes de qualquer conhecimento formalizado. SEGUIR PARA A ENTREVISTA COMPLETA >>>

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domingo, 9 de fevereiro de 2025

«Não deveria produzir-se manuais escolares que pudessem ser reutilizáveis?»[1]

À pergunta «Não deveria produzir-se manuais escolares que pudessem ser reutilizados?», Vasco Teixeira responde que «no 1º ciclo é um erro que os livros não tenham espaço para escrever, assim como na aprendizagem das línguas». Porquê? «Se for a qualquer país ver um livro de aprendizagem de inglês, ele tem espaço para escrever, porque é a forma mais eficaz de aprender»! Quer dizer, para este senhor (e a associação que representa as empresas deste sector), se o aluno realizar a proposta de trabalho sugerida, utilizando o papel e o lápis, que tem ao lado do manual, a aprendizagem não é tão eficaz. Eficaz, mesmo, só a escrita que o aluno faz no manual escolar. Porquê? Porque sim, porque é assim que se faz em qualquer país com dinheiro para alimentar o negócio.

«O escrever no livro é um guião para eles (os alunos) controlarem o espaço»! — continua Vasco Teixeira, não sei se com ou sem vergonha. Imagino — só posso imaginar, porque não assisti à entrevista — que tenha dito isto sem se rir. E a entrevistadora certamente que não atingiu a piada.

A sério, um guião para controlarem o espaço? Quem sabe, talvez, que para este senhor, quando um professor diz aos seus alunos que a resposta àquela pergunta é para ser escrita em duas ou três linhas, não está a fazer bem o seu trabalho.  

É impressionante o que se consegue dizer, para defender que um manual escolar não é para ser partilhado e só deve servir a um único aluno. 

Não deveria valer tudo neste negócio (e que aliás não deveria ser um negocio). Mas, ao que parece, vale. 

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[1] Entrevista concedida ao Jornal Público, por Vasco Teixeira, a propósito dos vinte anos da criação da plataforma digital «Escola Virtual», pertença do grupo Porto Editora de que é co-proprietário.