segunda-feira, 30 de setembro de 2024
Conhecimentos ou competências?
De cada vez que jogamos com um par de palavras de forma dicotómica, corremos o risco de simplificar consideravelmente as coisas, ou mesmo de as caricaturar. Tentemos, contudo, definir rapidamente estes dois termos a partir do uso que lhes dou. Para mim, os conhecimentos e as competências são mediações educativas que permitem aos alunos, que as adquirem, escapar, pelo menos parcialmente, à violência das situações físicas, psicológicas e sociais que os envolvem. Umas e outras podem ser adquiridas de maneira superficial, amontoadas no curto prazo, para passar num exame, por exemplo; mas também podem ser integrados na dinâmica intelectual de um sujeito e contribuir efectivamente para a sua emancipação. CONTINUAR A LER >>>
terça-feira, 24 de setembro de 2024
Não, não é um um mistério bonito!
O caso de Paula Pinto não está entre «o canudo e o jeito!»
O valor que se dá ao certificado que valida a formação pode e deve ser discutido — o Período probatório destinado a verificar a capacidade de adequação do docente ao perfil de desempenho profissional exigível, assenta nesse princípio —. Mas o ponto não é esse. Se em vez de um professor estivéssemos, por hipótese, a falar de um médico, será que Miguel Esteves Cardoso era tão benevolente? Não estaríamos todos a exigir, que se investigasse o estado dos doentes tratados por ele, não hoje, mas desde o início da carreira?
sábado, 7 de setembro de 2024
Dos conflitos que o digital provoca
Uma discussão sem fim à vista!
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Tratemos os ecrãs pelo que são: instrumentos cujo valor depende do seu (ab)uso. Então, nem proibição nem afastamento, mas controlo – palavra que deveria ser proclamada palavra de ordem –. Mas é mais fácil proibir. Até porque a proibição dispensa-nos do trabalho de pensar soluções, inclusive com as nossas crianças e jovens, que os ajudem a manter uma «relação» saudável com estes dispositivos. CONTINUAR A LER>>>
sexta-feira, 30 de agosto de 2024
O crepúsculo da crítica
Podemos, com razão, sentir-nos incomodados pelo facto de o termo “crítica” evocar vários significados diferentes. Está frequentemente ligado à existência de um perigo ou de uma ameaça: falamos de uma situação ou de circunstâncias críticas, de uma idade crítica ou de uma doença que atingiu uma fase crítica. Mas a crítica – neste caso o substantivo – é também a actividade que põe à prova uma realidade ou uma ideia: submete-a a um certo número de critérios para estabelecer a sua validade e os seus limites. É um processo de clarificação. “Crítica” e ‘crise’ têm a mesma origem semântica. O grego krinein significa tanto ordenar, peneirar, separar, distinguir como escolher, decidir. Numa “crise”, é preciso sair da situação crítica. Mesmo quando associada a uma crise, a crítica tem um valor positivo: não apenas como uma investigação ou exame para encontrar as causas (conhecido como diagnóstico), mas como algo que, paradoxalmente, decorre dela e conduz necessariamente a uma “saída da crise”, a um repensar do julgamento e, eventualmente, à consideração do novo. Uma crise só se torna catastrófica se lhe respondermos com ideias pré-fabricadas”, escreveu Hannah Arendt. Mais do que em qualquer outra circunstância, a crise exige a crítica. A crítica é também “decisiva”.
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